quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Estaca zero?

Voltando à estaca zero? Talvez sim... talvez não...

Eu, casada, feliz, três longos, intermináveis, pesados, cansativos e sacrificantes anos tentando ficar grávida. Quatro anos e meio casada e muito feliz. Falta só um detalhe. Não... não é só um detalhe.

Tentativas? Muitas!
Negativos? Já perdi as contas...
Exames? Já sou chamada pelo meu nome no laboratório, e não precisam ler o protocolo.
Medicamentos? Sim, alguns bem caros.

Onde foi que errei? O que será que esqueci? Porque eu não consigo?

O fato é que demorei muito, confiei demais nos discursos alheios de que as mulheres hoje em dia podem tudo, a medicina está aí para isso, um avanço extraordinário na tecnologia, mil tratamentos a seu favor, etc etc etc. Só que estou com mais de 40 (41 para ser mais exata, e o tempo voou e a medicina ainda não fabrica óvulos jovens por encomenda. Não há um banco de óvulos e um dia a casa cai.

Sim, nós mulheres estamos conquistando cada vez mais o nosso espaço no mercado de trabalho, ganhamos cada vez mais, crescemos cada vez mais, e deixamos de lado as nossas vidas familiares e adiamos ao máximo a maternidade. Programamos tudo, ano a ano, como se a nossa vida, o nosso dia a dia fosse algo a ser programado e não vivido, e deixamos por último (sim, ultimo dos últimos) a maternidade que nos assusta tanto por parecer um peso grande e lutamos muito para conquistar tudo o que sempre sonhamos.

Sonhamos? Sonhamos mesmo ou sonharam por nós?

Cresci em uma família de pais separados (minha geração é essa) e fomos educadas (no feminino mesmo) a sermos independentes, bem sucedidas, auto suficientes, para somente depois pensar na "possibilidade" de sermos mães. E nossos companheiros, namorados, maridos (que são da mesma geração) foram educados para terem ao seu lado mulheres independentes, inteligentes e descoladas.

Não, não estou culpando minha educação, minha geração, os homens ou minha experiência na minha casa. Sim, tudo isso influenciou para a minha decisão de adiar ao máximo a maternidade.

E me arrependo.

Três anos tentando e, agora, me vejo mudando de médico. Vou me arrepender? Não.

Há um momento no tratamento que começamos a questionar o empenho do profissional que está nos acompanhando, pois nos sentimos desacreditados, inclusive por nós mesmos. E este é o momento.

Foram muitas tentativas, todos os protocolos seguidos, tudo feito da forma correta, uma neurose absurda com datas, horários, temperaturas, gráficos, testes, muita expectativa e muita frustração.

A decisão de mudar de médico ou de escutar uma segunda opinião foi adiada também... Tantas pessoas me perguntaram ou sugeriram que eu deveria ter feito isso, mas eu tive medo, e ainda tenho, pois parece que estou voltando à estaca zero.

E o zero, mesmo para quem não tem nada, dói.

Daniela.

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